Esta carta desbotou-se com o tempo
Isabella ordenou que Damas fosse espancado por conta da deserção. As súplicas dele viraram gritos e, quando a surra terminou, recebemos ordens de arrastá-lo até a maior árvore do lugar e amarrá-lo ali para que servisse de exemplo. “Deixe ele passar a noite ali”, ela disse. Já fazia muito tempo que os amotinados tinham desaparecido. Nove pilhas de pedras haviam tomado o lugar deles — Isabella finalmente tinha enterrado os corpos. Vivos, talvez.
Depois do que houve com Damas, Ruiz veio uma noite e disse que se encontrássemos mais alguém da tripulação, não deveríamos capturá-lo, e sim avisá-lo. Disse que todos os outros que fossem encontrados teriam o mesmo fim de hoje. Eu respondi que Isabella com certeza puniria qualquer desobediência. Ele chiou e disse que seríamos punidos obedecendo ou não às ordens dela.
Seja como for, ela não é nossa Capitã, não mais — se não formos embora daqui, estamos fadados a terminar iguais a ela ou a sermos executados como os tripulantes encontrados.
- Manuel